Cientista finalmente “resolve” o maior mistério por trás do Triângulo das Bermudas que confundiu conspiracionistas por décadas

por Lucas Rabello
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Por décadas, o Triângulo das Bermudas tem capturado a imaginação de muitos, gerando inúmeras teorias sobre sua suposta natureza misteriosa. Esta vasta extensão de oceano, abrangendo aproximadamente 700.000 quilômetros quadrados no Atlântico Norte, tem sido alvo de especulações em relação a desaparecimentos inexplicáveis de navios e aeronaves. No entanto, recentes descobertas científicas estão lançando uma nova luz sobre essa região enigmática, oferecendo explicações mais fundamentadas para os fenômenos a ela associados.

Desmistificando o Mito

O cientista australiano Karl Kruszelnicki tem estado na vanguarda da desmistificação do Triângulo das Bermudas. Sua pesquisa indica que a taxa de desaparecimentos nesta área não é estatisticamente significativa quando comparada a outras regiões marítimas igualmente movimentadas. Kruszelnicki destaca que, de acordo com Lloyd’s of London e a Guarda Costeira dos Estados Unidos, o número de aviões desaparecidos no Triângulo das Bermudas é proporcionalmente consistente com as médias globais.

O Caso do Voo 19

O Voo 19, um dos incidentes mais emblemáticos associados ao Triângulo das Bermudas, continua a intrigar pesquisadores e entusiastas de mistérios até os dias atuais. Este evento, ocorrido em 5 de dezembro de 1945, envolveu o desaparecimento de cinco bombardeiros TBM Avenger da Marinha dos Estados Unidos durante uma missão de treinamento de rotina.

A missão, que partiu da Base Aérea Naval de Fort Lauderdale, na Flórida, era composta por 14 aviadores liderados pelo Tenente Charles Taylor. O plano de voo incluía um exercício de bombardeio nas Ilhas Hen and Chickens, seguido por uma rota triangular que deveria trazê-los de volta à base. No entanto, o que deveria ser um voo de treinamento padrão se transformou em um dos maiores mistérios da aviação.

Aproximadamente uma hora e meia após a decolagem, Taylor reportou estar desorientado e incapaz de determinar sua posição. As comunicações de rádio interceptadas revelaram uma crescente confusão entre os pilotos sobre sua localização. Apesar dos esforços para guiá-los de volta à costa, o esquadrão nunca retornou.

O que torna este caso particularmente intrigante é que, além do desaparecimento dos cinco aviões, um hidroavião PBM Mariner enviado em missão de resgate também desapareceu na mesma noite. Com 27 homens perdidos no total, o incidente do Voo 19 se tornou um dos pilares da lenda do Triângulo das Bermudas.

No entanto, análises mais recentes do caso sugerem explicações mais prosaicas para o desaparecimento. O relatório oficial da Marinha apontou “erro do piloto” como a causa provável, citando a confusão de Taylor sobre sua posição. Alguns especialistas argumentam que Taylor pode ter confundido as Ilhas Keys da Flórida com as Ilhas Bahamas, levando o esquadrão para o mar aberto em vez de retornar à costa.

As condições meteorológicas também desempenharam um papel crucial. Relatos indicam que o tempo piorou significativamente durante o voo, com ventos fortes e mar agitado. Essas condições, combinadas com a inexperiência da maioria dos pilotos e a possível falha dos instrumentos de navegação, criaram uma situação perigosa.

Outro fator a considerar é o equipamento da época. Os aviões TBM Avenger, embora robustos, não eram equipados com os sofisticados sistemas de navegação e comunicação que temos hoje. Em situações de desorientação extrema, especialmente sobre o oceano aberto, a margem para erro era significativa.

Kruszelnicki fala sobre a explicação mais pragmática. Ele observa que o voo era liderado por uma tripulação inexperiente enfrentando condições climáticas desafiadoras, incluindo ondas de até 15 metros de altura. Esses fatores, mais do que forças sobrenaturais, provavelmente contribuíram para o desfecho trágico.

Insights Geológicos

Estudos geológicos recentes forneceram informações intrigantes sobre as características físicas do Triângulo das Bermudas. Nick Hutchings, um prospector mineral destacado em um documentário do Channel 5, descreve as Bermudas como um vulcão submarino que erodiu ao longo de milhões de anos. Importante, Hutchings destaca a presença de magnetita em amostras de núcleo da área. A magnetita, sendo o material naturalmente mais magnético da Terra, poderia potencialmente interferir com equipamentos de navegação, oferecendo uma explicação científica para algumas das anomalias de navegação relatadas na região.

Uma Questão de Perspectiva

O cineasta Johnny Harris oferece uma perspectiva interessante sobre o fenômeno do Triângulo das Bermudas. Ele sugere que nossa percepção dos perigos da área pode ser distorcida pela maneira como processamos informações. Ao observar um conjunto maior de dados de incidentes marítimos ao longo de um período prolongado, torna-se aparente que o Triângulo das Bermudas não se destaca como particularmente perigoso em comparação com outras rotas marítimas muito movimentadas.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.