O que é VPN e quem pode ser multado pelo uso? Entenda o que aconteceu com o X no Brasil

por Lucas Rabello
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Em uma reviravolta surpreendente no mundo da tecnologia e das redes sociais, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal do Brasil, determinou recentemente a suspensão do acesso à plataforma X (anteriormente conhecida como Twitter) no país. Esta decisão, que gerou ondas de choque tanto no Brasil quanto internacionalmente, está intrinsecamente ligada a uma série de eventos e controvérsias que têm se desenrolado nos últimos meses.

VPN

No centro desta polêmica está a utilização de redes privadas virtuais, mais conhecidas como VPNs. Estas ferramentas, que permitem aos usuários mascarar sua localização real e acessar conteúdos bloqueados em determinadas regiões, tornaram-se o foco das atenções após serem mencionadas na decisão inicial de Moraes. A preocupação do ministro era que as VPNs pudessem ser usadas para contornar a suspensão do X no Brasil, permitindo que usuários continuassem a acessar a plataforma mesmo após o bloqueio.

As VPNs, sigla para Virtual Private Network, são ferramentas poderosas que oferecem uma conexão segura e privada em redes públicas. Embora sejam frequentemente associadas a atividades ilegais ou à evasão de restrições geográficas, as VPNs têm inúmeras aplicações legítimas e cruciais no mundo corporativo e na proteção da privacidade individual.

Carlos Affonso, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS) e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), destaca que as VPNs são ferramentas essenciais para ativistas em países com censura, oferecendo uma camada adicional de segurança contra a vigilância governamental. Além disso, empresas utilizam VPNs para proteger informações sensíveis e reduzir os riscos de interceptação de dados.

Alexandre de Moraes havia determinado em uma nota que quem usasse VPN (para acessar o X) seria multado em R$ 50.000, e iria ordenar Apple e Google que removessem aplicativos de VPNs de suas respectivas lojas. No entanto, ele recuou após a repercussão negativa.

A Complexidade da Decisão

A decisão de Moraes de solicitar que as lojas de aplicativos da Apple e do Google impedissem o download de programas de VPN gerou controvérsia e levantou questões sobre sua viabilidade e legalidade. O professor Carlos Affonso aponta que a decisão é de “cumprimento naturalmente difícil”, destacando a complexidade técnica de identificar quem está usando VPNs especificamente para acessar o X, versus usuários brasileiros que estão legitimamente fora do país.

Esta situação se desenrola em um contexto mais amplo de tensões entre plataformas de mídia social, governos e o estado de direito. Moraes justificou sua decisão citando “reiterados, conscientes e voluntários descumprimentos das ordens judiciais” por parte do X. O ministro expressou preocupação com a potencial instrumentalização da plataforma por grupos extremistas e milícias digitais, especialmente no período que antecede as eleições municipais de 2024.

Implicações para a Liberdade de Expressão e a Democracia

A suspensão do X e as tentativas de restringir o uso de VPNs levantam questões cruciais sobre liberdade de expressão, censura e o papel das redes sociais nas democracias modernas. Críticos argumentam que tais medidas podem estabelecer precedentes perigosos, potencialmente levando a um “efeito inibidor” sobre o discurso online e a livre troca de ideias.

A implementação prática da suspensão do X envolve a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e as operadoras de telefonia do Brasil. O presidente da Anatel, Carlos Manuel Baigorri, foi intimado a atuar, com as maiores operadoras tendo um prazo de 24 horas para efetuar o bloqueio, enquanto as menores devem seguir o procedimento ao longo do fim de semana.

O Papel de Elon Musk

A figura de Elon Musk, proprietário do X, adiciona uma camada adicional de complexidade à situação. A decisão de Moraes também afetou a Starlink, empresa de internet via satélite de Musk, com o bloqueio de suas contas no Brasil, o que também gerou muitas controvérsias, pois o bilionário, apesar de CEO da empresa, tem menos de 50% das ações da Starlink que, por sua vez, não tem ligação direta com o X.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.