Simo Häyhä, a ‘Morte Branca’: o sniper mais letal da história

por Lucas Rabello
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Na história militar, poucas histórias são tão cativantes quanto a de Simo Häyhä, o atirador de elite finlandês que se tornou uma lenda durante a Segunda Guerra Mundial. Conhecido como “A Morte Branca” por seus inimigos, a incrível pontaria e habilidades de sobrevivência de Häyhä o tornaram um dos atiradores de elite mais eficazes e temidos da história.

Guerra de Inverno: Davi contra Golias

Para entender a história de Häyhä, primeiro precisamos estabelecer o cenário. Em 1939, quando a Segunda Guerra Mundial começava a se desenrolar, a União Soviética, sob a liderança de Josef Stalin, decidiu invadir seu vizinho menor, a Finlândia.

Os soviéticos acreditavam que seria uma vitória rápida e fácil. Afinal, eles tinham uma vantagem massiva em termos de mão de obra e equipamentos. O exército soviético contava com cerca de 750.000 soldados, 6.000 tanques e 3.000 aeronaves. Em contraste, a Finlândia só conseguia reunir cerca de 300.000 soldados, alguns tanques e pouco mais de 100 aeronaves.

No papel, parecia uma luta impossível para os finlandeses. No entanto, o que os soviéticos não levaram em conta foi a determinação, engenhosidade e habilidade do povo finlandês – e um homem em particular se provaria um espinho em seu lado.

Simo Häyhä: O Improvável Herói

Snipers finlandeses escondidos atrás de bancos de neve em uma toca de raposa.

Snipers finlandeses escondidos atrás de bancos de neve em uma toca de raposa.

Simo Häyhä não era o que você esperaria ao imaginar um guerreiro lendário. Com apenas 1,52m de altura, ele era um fazendeiro quieto e despretensioso que havia completado seu ano obrigatório de serviço militar como muitos outros homens finlandeses. Ele gostava de esquiar, caçar e participar de competições de tiro em seu tempo livre. Mal sabia alguém que esses hobbies o preparariam para um papel que mudaria o curso da história.

Quando a invasão soviética começou, Häyhä foi convocado para servir seu país. Ele pegou seu velho rifle, um Mosin-Nagant M28-30 de fabricação russa, que não tinha a mira telescópica que estava se tornando padrão para atiradores de elite na época. Esta escolha de arma mais tarde se provaria uma das maiores forças de Häyhä.

O Surgimento da Morte Branca

À medida que a guerra progredia, as habilidades excepcionais de Häyhä como atirador se tornaram evidentes. Ele preferia trabalhar sozinho, aventurando-se na selva finlandesa congelada com apenas um dia de suprimentos e munição. Seus métodos eram tão engenhosos quanto eficazes.

Vestido com camuflagem branca, Häyhä se misturava perfeitamente à paisagem nevada. Ele desenvolveu técnicas para permanecer escondido que iam além da simples camuflagem. Ele construía pequenos bancos de neve ao redor de sua posição, não apenas para se esconder, mas também para absorver o impacto do recuo de seu rifle, evitando sopros reveladores de neve que poderiam denunciar sua localização. Ele até mantinha neve em sua boca para evitar que sua respiração criasse vapor visível no ar gelado.

A escolha de Häyhä de usar miras de ferro em vez de uma lente telescópica se provou vantajosa. Ele descobriu que podia adquirir alvos mais rapidamente, e não havia risco de a luz do sol refletir em uma lente de mira para revelar sua posição. Essas táticas, combinadas com sua incrível pontaria, o tornaram um pesadelo para os soldados soviéticos.

Simo Häyhä, um Atirador de Elite Recordista

Simo Häyhä e seu novo rifle, presente do exército finlandês.

Simo Häyhä e seu novo rifle, presente do exército finlandês.

Ao longo dos aproximadamente 100 dias da Guerra de Inverno, o número de mortes de Häyhä atingiu números surpreendentes. As estimativas variam de 500 a 542 mortes confirmadas, todas alcançadas com seu fiel rifle sem mira telescópica. Este feito incrível é ainda mais impressionante quando você considera as duras condições em que ele operava. Os dias eram curtos, as temperaturas raramente subiam acima de zero, e a ameaça constante de fogo inimigo pairava.

A reputação de Simo Häyhä cresceu em ambos os lados do conflito. Para os soviéticos, ele ficou conhecido como “A Morte Branca”, uma figura fantasmagórica que parecia atacar do nada. Para o povo finlandês, ele se tornou um símbolo de esperança e resistência, figurando proeminentemente na propaganda e sendo considerado uma figura quase mítica.

Reconhecimento e Ferimento Quase Fatal

Quando as notícias dos feitos de Simo Häyhä chegaram ao Alto Comando Finlandês, eles lhe presentearam com um novo rifle de atirador de elite personalizado como um gesto de apreciação. No entanto, a sorte de Häyhä não poderia durar para sempre. Apenas onze dias antes do fim da Guerra de Inverno, um soldado soviético conseguiu avistar Häyhä e o atingiu na mandíbula com munição explosiva.

O ferimento foi grave, destruindo metade do rosto de Häyhä e o deixando em coma por onze dias. Ele acordou justamente quando os tratados de paz estavam sendo assinados, marcando o fim da Guerra de Inverno. Contra todas as probabilidades, a Finlândia havia conseguido manter sua independência, embora a um grande custo.

Simo Häyhä, depois da guerra. Seu rosto estava marcado pelo ferimento de guerra.

Simo Häyhä, depois da guerra. Seu rosto estava marcado pelo ferimento de guerra.

A Vida de Simo Häyhä Após a Guerra

Apesar da gravidade de seu ferimento, a história de Simo Häyhä não terminou com a Guerra de Inverno. Ele se recuperou notavelmente nos anos seguintes, embora o ferimento o tenha deixado permanentemente desfigurado. Häyhä retornou à sua vida tranquila, mas suas habilidades como atirador nunca o abandonaram.

Nos anos que se seguiram à guerra, Häyhä ficou conhecido como um excelente caçador de alces. Ele até teve a honra de participar de caçadas com o presidente finlandês Urho Kekkonen. Häyhä viveu uma vida longa, falecendo em 2002 aos 96 anos de idade.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.