Dormir tarde pode indicar maior inteligência, aponta pesquisa

por Lucas Rabello
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Já lhe disseram que ficar acordado até tarde faz mal? Bem, parece que as corujas noturnas podem ter a última risada. Um estudo recente lançou uma nova luz sobre a relação entre padrões de sono e poder cerebral, desafiando algumas crenças antigas sobre os que acordam cedo e os que dormem tarde.

Pesquisadores do Imperial College London mergulharam em dados do estudo UK Biobank, examinando os hábitos de sono e as habilidades cognitivas de mais de 26.000 pessoas. Eles analisaram como a duração do sono, a qualidade e algo chamado “cronotipo” (que é uma forma chique de dizer quando você se sente mais alerta e produtivo) afetam o funcionamento do nosso cérebro.

Eis a surpresa: o estudo descobriu que as corujas noturnas e as pessoas que ficam no meio-termo na verdade mostraram uma “função cognitiva superior” em comparação com os madrugadores. Isso mesmo – aqueles que preferem queimar o óleo da meia-noite podem ter uma vantagem quando se trata de poder cerebral.

A Dra. Raha West, que liderou o estudo, explicou assim: “Embora entender e trabalhar com suas tendências naturais de sono seja essencial, é igualmente importante lembrar de dormir o suficiente, nem muito nem pouco. Isso é crucial para manter seu cérebro saudável e funcionando da melhor forma.”

Não é só sobre quando você dorme, no entanto. A quantidade de sono que você tem também importa. O estudo descobriu que as pessoas que dormiam entre sete e nove horas por noite tiveram o melhor desempenho nos testes cognitivos. Então, embora ficar acordado até tarde possa não ser tão ruim quanto pensávamos, economizar no sono em geral ainda é algo muito ruim.

Esta pesquisa pode explicar por que tantos tipos criativos tendem a ser corujas noturnas. Pense em artistas como Henri de Toulouse-Lautrec, autores como James Joyce, ou músicos como Kanye West e Lady Gaga – todos conhecidos por seus hábitos noturnos.

Mas antes de começar a planejar viradas de noite, lembre-se que o equilíbrio é a chave. O Professor Daqing Ma, que co-liderou o estudo, enfatizou: “Descobrimos que a duração do sono tem um efeito direto na função cerebral, e acreditamos que gerenciar proativamente os padrões de sono é realmente importante para impulsionar e salvaguardar o funcionamento do nosso cérebro.”

Alguns especialistas pedem cautela na interpretação desses resultados. Jacqui Hanley, da Alzheimer’s Research UK, apontou que sem olhar diretamente para o que está acontecendo no cérebro, não podemos ter certeza se ser uma coruja noturna ou um madrugador realmente afeta o pensamento e a memória, ou se mudanças na função cognitiva podem estar influenciando os padrões de sono.

Jessica Chelekis, uma especialista em sono da Universidade Brunel de Londres, também notou algumas limitações do estudo. Por exemplo, não levou em conta os níveis de educação dos participantes ou considerou em que hora do dia os testes cognitivos foram realizados. No entanto, ela elogiou o estudo por desafiar estereótipos sobre o sono.

Então, qual é a conclusão? Se você é uma coruja noturna, não se sinta mal por isso. Seus hábitos noturnos podem realmente estar trabalhando a seu favor. Mas lembre-se, sono de qualidade ainda é crucial. Seja você um madrugador ou uma coruja noturna, mire naquele ponto ideal de sete a nove horas de sono por noite.

Como disse a Dra. West: “Isso é crucial para manter seu cérebro saudável e funcionando da melhor forma.”

No final, entender seus padrões naturais de sono e trabalhar com eles, em vez de contra eles, pode ser a chave para desbloquear todo o potencial do seu cérebro. Então, da próxima vez que alguém lhe disser para “ir dormir cedo”, você pode sorrir e dizer: “Na verdade, estou apenas maximizando minha função cognitiva!”

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.